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Artigos / Colunas / ​Silvana Gomes Veloso

20/05/2021 às 15:50

Abuso de crianças

Sim, precisamos falar sobre isso. Maio é o mês laranja, mês de ALERTA, dedicado às ações de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de crianças e adolescentes.

Todos os anos, entidades governamentais, não governamentais e representantes da sociedade civil aproveitam essa data para, além de formulação de políticas públicas, seguirem informando, sensibilizando e convocando a sociedade a participar e combater a causa, promovendo reflexões e debates.

O dia 18 de maio é considerado um marco nessa luta, pois foi nessa mesma data, no ano de 1973, que a menina Araceli, com 8 anos de idade na época, teve seus sonhos de infância roubados. Araceli foi brutalmente assassinada. Foi espancada, estuprada, drogada, além de ter seu corpo desfigurado por ácido.

Esse acontecimento terrível chocou a sociedade brasileira e serviu de alerta sobre a violência contra crianças e adolescentes que começou a pensar em meios de protegê-las. Por conta disso, a Lei 9.970/2000 foi instituída no dia 18 de maio como o “Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”.

De acordo com as estatísticas do Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR), três crianças ou adolescentes são abusadas sexualmente no Brasil a cada hora, todos os dias. É uma conta que não acaba. Por isso, é importante sabermos como esse tipo de violência costuma acontecer.

A violência infantil acontece de duas formas:

Intrafamiliar – pessoas ligadas à vítima por laços de consanguinidade, afinidade ou responsabilidade (52% dos casos de abuso ocorrem dentro da casa da vítima). A proximidade com o agressor desencoraja a vítima a denunciar, devido as várias ameaças que a mesma recebe de seu agressor, que promete sempre machucar algum ente querido da criança ou adolescente molestado.

É importante também ressaltar que devido à condição de pandemia em que nos encontramos no momento (por conta do vírus  COVID-19), o número de crianças e adolescentes abusadas aumentou grandemente, já que pelo fato dos pais precisarem trabalhar e as crianças não poderem ir para as escolas (onde as professoras costumavam observar e identificar casos de abusos e denunciá-los aos Conselhos Tutelares), essas crianças acabaram ficando em casas de parentes ou conhecidos, onde aconteceram muitos abusos.

Extrafamiliar – a criança ou adolescente é abusada por pessoas conhecidas ou não, que buscam obter vantagem psicoemocional dessa relação (professores, médicos, líderes religiosos, etc.). É na maioria das vezes um crime invisível.
Mas como saber então, se uma criança ou adolescente está sendo vítima de abusos?

Preste atenção em seus filhos ou crianças e adolescentes próximos a você. Perceba se houve alguma mudança repentina de comportamento, como alterações de humor, agressividade, introspecção, vergonha excessiva, medo ou pânico, rebeldia, comportamentos infantis (que já haviam abandonado anteriormente), interesse repentino por questões sexuais ou brincadeiras de cunho sexual com palavras ou desenhos que façam referência às partes íntimas do corpo, problemas de saúde psicossomáticos (enfermidades sem causa física ou clínica como dores de cabeça, erupções na pele e alterações gastrointestinais), além de aversão por algum adulto em específico. Fique atento a esses sinais, através deles a criança ou adolescente estará falando para você o que está acontecendo com ela, mesmo que de forma velada. É só você prestar atenção.

Mostre aos seus filhos que eles não estão sozinhos, que você está por perto para protegê-los, que juntos podem vencer esse inimigo. Faça com que eles confiem que você é forte o suficiente para tirá-los dessa situação de risco, desse sofrimento silencioso que deixa marcas que podem se arrastar pelo resto da vida. Não seja omisso. Não permita que mais crianças ou adolescentes tenham o mesmo fim triste da pequena Araceli, que não pôde sonhar mais. Denuncie! Vamos lutar pelo direito das nossas crianças terem uma infância feliz! Faça a sua parte.

Disque 100!

​Silvana Gomes Veloso

​Silvana Gomes Veloso
 é historiadora, bacharel em Direito e Especialista em Didática de Ensino Superior
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