Cuiabá, terça-feira, 16/07/2024
04:17:54
informe o texto

Artigos / Colunas / Rosana Leite Antunes de Barros

04/04/2022 às 12:00

Maya Angelou

Marguerite Ann Johnson, nasceu em 4 de abril de 1928 e partiu em 28 de maio de 2014. O pseudônimo famoso foi um ‘presente’ que recebeu do irmão mais velho, que segundo ele my (meu), e minha irmã ‘Mya sister’, a representaria muito bem.

Maya, filha de um porteiro e nutricionista da marinha e uma enfermeira, acabou passando a infância com a avó paterna, após a separação do pai e da mãe aos 3 anos. Sofreu um estupro pelo namorado da sua genitora aos 8 anos, tendo ficado muda por tal fato por muitos anos. O motivo da mudez de Maya se deu por ter contado o fato ao irmão, que acabou expondo aos demais familiares. O seu algoz foi julgado e declarado culpado, ficando um dia na prisão. Todavia, quatro dias após o homem ser solto, foi assassinado pelos tios de Angelou. Assim, ela passou a acreditar que a sua voz pudesse ter matado o homem, entendendo ser melhor ficar em silêncio, para não ‘matar’ outras pessoas. Declarou: “Minha voz o havia matado; eu matei aquele homem porque disse o seu nome. E depois pensei que nunca mais voltaria a falar, porque a minha voz poderia matar qualquer um...”

Ela somente conseguiu superar o trauma vivido com a ajuda de uma vizinha muito carinhosa e pelo amor à literatura. Durante o período da ‘mudez’, Maya muito se dedicou à leitura, o que acabou lhe trazendo grande conhecimento, pois teve que desenvolver a memória e a habilidade para observar e escutar esse mundo que a fez sofrer, mas que ela a ele pertencia. Aos 15 anos se tornou a primeira motorista negra em São Francisco. Aos 17 anos foi mãe solo, algo que não era comum naquela época. Se casou e separou todas as vezes em que percebia que aquele não seria um ‘par’ ideal. Em tendo sido mãe muito nova, exerceu muitas profissões, dentre elas a prostituição. Posteriormente também foi a primeira mulher negra e roteirista de Hollywood. Quantas faces ela pode exercer? Poeta, atriz, cantora, dançarina, e ativista pelos direitos civis, viajou para a África na década de 60, laborando como jornalista e professora, contribuindo para os movimentos de independência daquele país. Afirmou: “Eu aprendi que as pessoas vão esquecer o que você disse, as pessoas vão esquecer o que você fez, mas as pessoas nunca esquecerão como você as fez sentir.”

Com livros publicados, foi uma escritora diferente, tendo produzido cerca de sete autobiografias. Fez muito pelos direitos humanos, mais precisamente no enfrentamento ao racismo e ao machismo estrutural, sendo suas obras consideradas defesa da cultura negra. Recebeu influência de artistas feministas em sua existência. Deixou muitas frases de efeito e motivacionais, pela sua própria história. Eternizou: “Se você não gosta de algo, mude-o. Se você não pode muda-la, mude sua atitude. Não reclame”.

Grande exemplo de resistência, depois de sua morte, no ano de 2015, mesmo tendo recebido inúmeras homenagens com a partida, teve um selo postal do seu país, EUA, emitido em comemoração a ela, com a referência de Joan Walsh Anglund: “Um pássaro não canta porque tem resposta, ele canta porque tem uma música.”

Percebeu que apenas com muita luta seria possível ser ouvida e proporcionar visibilidade e liberdade para as mulheres negras. “Era horrível ser negra e não ter controle sobre a minha vida.” 

Para a resumir é só pensar por quantas vezes foi obrigada a se calar, ou, ainda, falar baixinho, e se levantou. Quando alguém não consegue imaginar tantas ocupações e profissões que por ela foram exercidas, é porque conseguiu ‘esgotar’ e ‘completar’ a vida.

É dela: “Nós nos deliciamos com a beleza da borboleta, mas raramente admitimos as mudanças que ela passou para alcançar essa beleza.”

Sem qualquer dúvida... Sejamos Maya!

Rosana Leite Antunes de Barros

Rosana Leite Antunes de Barros
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.
ver artigos
 
Sitevip Internet