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08/11/2021 às 12:27

Por que Marília Mendonça foi um fenômeno da música?

O Entretê levantou motivos para a Rainha da Sofrência chegar à majestade e indicou muitas músicas para você curtir

Priscila Mendes

Por que Marília Mendonça foi um fenômeno da música?

Foto: Divulgação

É de se esperar que, após a morte de um ídolo, aumentem as buscas na internet sobre a produção da pessoa. E, com Marília Mendonça, que morreu em um trágico acidente de avião, na última sexta-feira (5), não seria diferente.

Mas a Rainha da Sofrência já era um meteoro musical, com produção intensa enquanto compositora (para si e para outros artistas), cantora e musicista, antes da tragédia. E parte no auge da carreira e da vida pessoal - com apenas 26 anos. Marília Mendonça deixou 324 músicas registradas, dentre as quais muitos hits.

Na manhã desta segunda-feira (8), Marília Mendonça ocupou 18 das 50 posições do Top 50 - Brasil da Spotify, dentre os quais o 1º e o 3º lugares, desbancando a febre “Coração Cachorro”, de Ávine Vinny e Matheus Fernandes. A cantora também marcou o Top 50 - Mundo da mesma plataforma, ocupando a 49ª posição, com a canção “Esqueça-me se for capaz”, do projeto que desenvolvia junto com a dupla sertaneja (e amigas) Maiara e Maraisa, ‘Patroas 35%’.



No Youtube, não é diferente. A canção “Fã Clube”, também do projeto ‘Patroas 35%’, cujo vídeo foi lançado horas antes do acidente, ocupa o 1º lugar nas ‘Músicas em Alta’ do canal.



O ‘Patroas 35%’ é um álbum desenvolvido pelas três amigas (Marília Mendonça, Maiara e Maraisa), lançado no último dia 14 de outubro nas plataformas de áudio, com nove canções e, pouco a pouco, os clipes e vídeos de show estavam sendo compartilhados no Youtube. Até sexta-feira, sete dos nove haviam sido publicados. Dessa lista, três compõem o ‘Músicas em Alta’, que enumera os 30 vídeos mais acessados, além de um quarto vídeo, de um feat de Marília Mendonça com a dupla George Henrique e Rodrigo (Vai Lá Em Casa Hoje).

Reconhecimento

Mas não precisa ser amante do sertanejo - ou do conhecido ‘feminejo’ - para reconhecer o talento e a produção de Marília Mendonça. A artista era dona de uma voz potente e marcante e “distribuiu” composições por aí. A convite de Gal Costa, compôs uma música especialmente para o dueto com a diva da MPB.



Fez parceria em outros segmentos da música brasileira, como Pop e Funk (Luisa Sonza e Anitta), pagode e trap (Péricles, Papatinho feat. MD Chefe e DomLaike) e rap (Gaab e Xamã).

Caetano Veloso, inclusive, compôs (e lançou no mês de outubro) a canção ‘Sem Samba Não Dá’, que enaltece a diversidade e riqueza da música brasileira, na qual cita Marília Mendonça em dois versos. E, diante da partida da cantora, homenageou-a nas próprias redes sociais.



Mas por que Marília fez tanto sucesso?

É sabido que o espaço do sertanejo é dominado pelos homens e que, por outro lado, sempre houve presença feminina, mesmo que em menor número. Inhana (da dupla com Cascatinha), na década de 1950; Sula Miranda, a ‘Rainha dos Caminhoneiros’, nos anos 1980; a ‘Rainha dos Sertanejos’ Roberta Miranda, desde a década de 1990; e a cantora Paula Fernandes, que estourou nos anos 2000, são alguns dos exemplos.

Mas foi Marília Mendonça quem trouxe o termo Feminejo para o cenário desse estilo musical, ao lado de uma leva de cantoras e duplas, como Maiara e Maraisa, Simone e Simaria e Naiara Azevedo. O “novo estilo” não se encerra apenas pelo microfone nas mãos de mulheres, mas por trazer canções na perspectiva feminina. É a inversão da temática: em vez de homens falarem de relacionamentos com mulheres, são mulheres que contam sobre os próprios sentimentos.

E, nas composições de Marília, ela retratou, de forma bem dançante, a mulher sem tabu: tem mulher traída, tem a amante, a prostituta, a que aconselha a amiga a superar o relacionamento abusivo, a que sabe o próprio valor, e tem, inclusive, a que se submete a um amor, sem esconder, como em “Todo Mundo, Menos Você”. A cantora era considerada feminista, muito além das teorias, também por seus posicionamentos públicos em entrevistas e nas redes sociais. Por tudo isso, a "demanda" já era de mudar o título dela para "Rainha do Supera".



No clipe de "Esqueça-me se for capaz", há um trecho inserido por uma personagem jornalista de que "não há como negar que 'as Patroas' mudaram a vida de muitas mulheres do país, que passavam situações como 'falta de igualdade de salário' apenas por serem mulheres, 'relacionamentos abusivos', 'relações machistas no trabalho' e inúmeras outras situações que nós, enquanto mulheres, somos menos respeitadas" e finaliza com a cena de dezenas de mulheres de braços erguidos e punho cerrado, em referência ao icônico cartaz de "we can do it!", símbolo do feminismo.



O Entretê indica mais uma canção engraçadinha do álbum ‘Patroas 35%’, que brinca com algo tão contemporâneo das comunicações: acelerar o áudio no Whatsapp.

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