Pesquisa informal aponta que 81,1% dos leitores pirateiam ou já piratearam livros
Entretê
Mais de 81% dos leitores pirateiam ou já piratearam livros, argumentando não ter dinheiro para comprá-los. Essa é a constatação da pesquisa realizada pela ‘Fato & Versão’ – plataforma compartilhada de conteúdo jornalístico. O levantamento foi feito pela redes sociais e obteve 207 respostas.
Para o book advisor (profissional que orienta escritores) Eduardo Villela, “a raiz do problema não é o preço do livro, mas sim que ele ainda não é considerado um bem de primeira necessidade por boa parte da população brasileira. Ele ainda é visto como um produto acessório, não é percebido por muitas famílias como prioritário para a formação educacional e cultural de seus membros”.
Também nessa questão, existe a discussão sobre os sites e plataformas que disponibilizam materiais alternativos aos livros em si, como resumos e versões.
Recentemente, esse formato também foi alvo de ações da Justiça, que, por exemplo, ordenou a retirada de capas e títulos de obras conhecidas do acervo do aplicativo '12 minutos'.
Um dos questionamentos que surgem a partir desse modelo, além do caso da venda da obra, é o pagamento de direitos autorais, que pode não acontecer, pois os responsáveis pela disponibilização do material alegam que seus conteúdos se tratam de opiniões e análises.
A população que consome ou distribui os livros de maneira ilegal não considera o investimento feito na publicação, seja de tempo, de esforço, seja de dinheiro. “A pirataria existe e é crime! [...] Quando se faz o download de um livro em um site irregular, a pessoa está roubando um conteúdo, desvalorizando e desrespeitando o trabalho do autor, além de prejudicar toda uma cadeia de profissionais que trabalham nas livrarias, editoras e gráficas", enfatizou o book advisor.
"Outro problema sério da pirataria é que ela acaba reduzindo o número de novos livros lançados: se os milhares e milhares de downloads ilegais não ocorressem, as vendas de livros seriam maiores e as editoras teriam condições de ampliar a oferta de novos títulos no mercado. Todo mundo perde e isso é lamentável, pois são muitos leitores que deixam de ter acesso a novos conteúdos, empregos são perdidos e colocados em risco”, complementa Eduardo Villela.
O que pode ser feito para coibir essa reprodução de conteúdo ilegal?
A Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) é uma entidade focada em combater a pirataria de livros. O próprio autor ou editora - e até mesmo o leitor que respeita as leis - pode denunciar.
“Hoje, as editoras têm um controle muito mais preciso para reprimir a reprodução de conteúdo ilegal em relação ao passado, mas é preciso que a sociedade civil se engaje nessa luta para coibir essa prática. Todos nós precisamos estar conscientes e conscientizar nossos familiares e amigos”, completa Villela.
Cabem aos espaços literários, como bibliotecas públicas e privadas, livrarias e eventos como as feiras de livros, assim como as entidades representativas de editores, livreiros e gráficas atuarem de forma conjunta com campanhas de conscientização.
Eduardo acredita que “deveria existir um fundo de combate à pirataria formado com recursos de todas as instituições que compõem o mercado editorial. Há também ações de baixo investimento que podem trazer bom engajamento e resultados positivos, como a produção de vídeos educativos para serem publicados em seus canais de redes sociais. As próprias editoras devem também incentivar seus autores a fazerem o mesmo, postando conteúdo a respeito em seus canais”.
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