25/09/2022 às 15:34 | Atualizada: 25/09/2022 às 15:40
Desafios da sociedade são renovação escolar, felicidade 'real' e equilíbrio nas relações, aponta Cortella
Priscila Mendes
“Precisamos de generosidade mental, coerência ética e humildade intelectual para melhorar aquilo que se faz”, nestes tempos em que é necessário “reinventar nosso modo de fazer, de criar, de refletir, de agir”. É com essa reflexão que o filósofo, escritor, educador e professor universitário, Mário Sérgio Cortella, convidou a plateia mato-grossense para lidar com o momento atual, depois de mais de dois anos de pandemia.
Isso, porque a sociedade tem novas exigências e, ainda segundo Cortella, “se a gente não se abre a mudanças, fica ultrapassado”. O filósofo esteve em Cuiabá esta semana, a convite da Associação Mato-grossense de Magistrados (Amam) e da Escola da Magistratura Mato-grossense (Emam), em evento voltado para magistrados.
E, com exclusividade, concedeu entrevista ao Entretê sobre os temas ‘educação infantil’, a ‘busca pela felicidade’ e o ‘suporte da Filosofia para a atualidade'.
Mário Sérgio Cortella é um dos mais conceituados palestrantes contemporâneos e um dos mais importantes filósofos brasileiros, autor de 25 livros. Confira:
Desafios para a educação infantil
Para Cortella, o processo educacional durante a pandemia da covid-19 foi bastante desafiador, gerou esgotamento em professores, pais e alunos. O pensador vê que há uma retomada na disposição de todos os envolvidos.
Então, os objetivos agora são “retomarmos o fôlego que a pandemia acabou diminuindo, [promover] uma democratização do acesso e da permanência [dos alunos nas escolas], uma readequação curricular para dar conta dos desafios que se tem agora, [buscar] uma nova qualidade de ensino, que não pode ser marcada exclusivamente por uma mudança quantitativa e, por último, [priorizar a] educação de jovens e adultos, que foi muito prejudicada durante o momento pandêmico”, enumerou ao Entretê.
Felicidade
As pessoas adoeceram também psicologicamente durante os quase três anos de pandemia da covid-19. Perdas financeiras, mortes, tudo isso gerou um aumento dos casos de doenças mentais, como depressão e ansiedade. Cortella escreve também sobre a busca pela felicidade e comenta que esse sentimento não pode ser descolado da realidade.
“Isso é um dos termos que precisam ser falados. Ninguém é feliz o tempo todo, mas ninguém pode ser infeliz o tempo todo. Então, nós temos que escavar em busca daquilo que é a possibilidade da felicidade. Ela não se apresenta toda hora, nem se ausenta toda hora”, explica, destacando a importância do equilíbrio.
Filosofia contemporânea e a sociedade adoecida
Cortella compartilha livros com pensadores como Luiz Felipe Pondé, Leandro Karnal, Leonardo Boff e Frei Betto, portanto compõe o núcleo da filosofia contemporânea brasileira. E, por meio da filosofia, defende que é possível melhorar a sociedade, que vive momentos de muito ódio.
Ao Entretê, convida: “Que a gente reflita, que a gente não tenha ações que sejam meramente automáticas, intempestivas, ao contrário, que a gente seja capaz de uma vida que não seja banal, fútil, que não seja robótica e portanto, a Filosofia não é uma área prática, mas é um sinal de alerta. A regra na filosofia é ‘pense nisso’, não é ‘pense isto’. Pense isto é autoritário, a Filosofia não deseja isso”.
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