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Notícias / Judiciário

23/02/2022 às 20:24

Médica diz que não percebeu que atropelou verdureiro, volta negar que bebeu e pede perdão

Mesmo com fotos com copo de chopp, ela alega não ter bebido e recusou teste de alcoolemia porque tinha medo de aparecer álcool ingerido no dia anterior

Débora Siqueira

Médica diz que não percebeu que atropelou verdureiro, volta negar que bebeu e pede perdão

Foto: Reprodução

A médica dermatologista Letícia Bortolini negou que estivesse consumido álcool no dia que ela atropelou e matou o verdureiro Francisco Lúcio Maia, 48 anos, no dia 14 de abril de 2018, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá. O acidente ocorreu após ela e o marido ter saído da edição do Festival Braseiro, onde havia comidas e bebidas à vontade.
 
Ela e outras seis testemunhas foram ouvidas na audiência de instrução e julgamento pelo juiz da 12ª Vara Criminal, Flávio Miraglia, nesta quarta-feira (23).
 
Letícia disse que havia consumido vinho na sexta-feira à noite com marido e a babá até por volta de meia-noite. A médica foi trabalhar no sábado pela manhã, passou na casa dos sogros para encontrar o marido e ir para a festa, onde teria ficado até por volta das 19 horas.
 
Apesar de nos autos aparecer fotos dela nas redes sociais com copos de chopp, a médica alegou que ficava na fila para pegar para o marido, pois as filas das chopeiras estavam longas. Foi uma forma para adiantar para que ela e o esposo pudessem circular pelo evento, mas reafirmou que não ingeriu álcool.
 
Questionada sobre o motivo de se recusar a fazer o teste de alcoolemia na delegacia e exame de sangue no Instituto Médico Legal (IML), já que não bebeu no evento, ela disse que como havia bebido vinho 16 ou 17 horas antes, ela temeu que pudesse aparecer álcool no sangue dela consumido no dia anterior.
 
O promotor Samuel Frungilo perguntou se ela como médica não sabia que pelo passar das horas não poderia ter aparecido traços de álcool no sangue, Letícia disse que não há consenso na Medicina sobre esse fato.
 
“Não existe correlação de tempo, de quanto tempo o álcool estará no sangue, depende das enzimas do fígado. Como poderia ter esse risco, eu optei por não fazer o exame”.
 
Letícia atribuiu a uma doença de pele, rosácea, de chegar à delegacia com os olhos vermelhos, e manchas vermelhas no rosto e no colo. “Existem vários graus, o meu é leve, e isso ocorre devido a ansiedade, choro, nervosismo ou irritação”.
 
Conforme a médica, ela foi surpreendida pelos policiais que chegaram à casa dos sogros dela contando que havia assassinado uma pessoa. Uma das testemunhas, um policial, que disse que ela estava em visível estado de embriaguez, teria faltado com a verdade.
 
O que poderia parecer como sinal de embriaguez era a manifestação da doença de pele, mediante ao estresse emocional quando soube que havia atropelado e matado uma pessoa.
 
O acidente e pedido de perdão
 
Na versão da médica, ela não estava em alta velocidade, mas não disse mais ou menos quantos quilômetros por hora dirigia. No momento do atropelamento, ela contou que apenas ouviu um barulho, achou tivessem arremessado algo no carro e viu que havia perdido um dos retrovisores.
 
Ela sustentou que em nenhum momento percebeu que atropelou uma pessoa, por isso seguiu em direção à casa dos sogros para buscar o filho. Também não poderia ter sido diferente, pois não sabia que havia atropelado alguém.
 
“Como poderia pensar em fugir se não sabia que ocorreu um acidente com atropelamento? Para mim foi algo que quebrou o retrovisor. Se eu tivesse visto, teria parado, teria freado se percebesse que foi algo grave. Sou médica, poderia ter ajudado, trabalhei 10 anos em UTI dando suporte de emergência”.
 
Por fim, ela pediu perdão à família do verdureiro dizendo que a vida dela nunca mais foi a mesma e entende que a perda da família foi irreparável.
 
“Peço perdão à família do seu Francisco. Gostaria de dizer que eu não omiti socorro, não fugi do local do acidente, e não sai de casa para atropelar alguém. Sou uma pessoa honrada, sinto muito por isso, a dor delas é irreparável. Rezo pela alma dele todos os dias e não imaginava esse pesadelo na minha vida. Não sou esse monstro, essa pessoa desumana que deixa de prestar socorro e não se importa com as pessoas”.
 
A médica reconheceu que nunca procurou as filhas do verdureiro, mas que havia autorizado a advogada dela procurá-las para saber se elas precisavam de algo.
 
“Muita coisa falada na mídia foi distorcida. Não procurei os familiares porque não tinha condições emocionais para isso. No dia que fui à delegacia, me atiraram pedras, depois fui presa, sai da cadeia e não tinha como procurar. Meu marido e a advogada foram agredidos, levaram chutes e empurrão. Estávamos com medo, por isso pedi a advogada para procurar a família, eu não tinha condições de falar com elas”.

Após a audiência, o Ministério Público tem 5 dias para memoriais e em seguida a defesa com mesmo prazo. Depois desse rito, o processo vai concluso para decisão do juiz.
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