Há quatro legislaturas consecutivas, a Câmara de Cuiabá vive polêmicas envolvendo processos de cassação de vereadores. Destas, apenas uma não se deu por quebra de decoro parlamentar, foi o caso do ex-vereador Lutero Ponce.
Ele foi cassado em novembro de 2009 suspeito de ter causado um rombo de R$ 7,5 milhões nos cofres do Legislativo entre os anos de 2007 e 2008, período em que presidiu a Casa de Leis.
Lutero foi o primeiro vereador da história da Capital a ser cassado por improbidade administrativa. No total, 14 votaram pela cassação dele.
Pouco antes dele, contudo, o Legislativo já havia enfrentado um processo de cassação que também resultou na saída de um parlamentar. Em agosto de 2009, a Câmara de Cuiabá cassou o então vereador Ralf Leite por quebra de decoro. Ele foi flagrado com um travesti menor de idade e ainda acusou o policial militar que fez a abordagem de extorsão.
O escândalo culminou na cassação do mandato dele. No entanto, Ralf retornou ao Legislativo em julho de 2012 graças a uma decisão judicial que reconheceu uma série de vícios na condução do processo disciplinar.
Na legislatura seguinte, que teve início em janeiro de 2013, a Casa de Leis voltou a ser palco de polêmicas. Desta vez, o alvo foi o então presidente do Parlamento, vereador João Emanuel.
Em abril de 2014, ele teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. Em novembro do ano anterior, ele havia renunciado ao cargo de presidente. A medida foi reflexo da Operação Aprendiz, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco).
As investigações apontavam que o ex-vereador era suspeito de envolvimento em fraudes em licitações e falsificação de documentos de terrenos que seriam dados como garantia a agiotas para obter dinheiro para ser usado na futura campanha dele a deputado estadual.
Por conta dessas acusações, inclusive, o então parlamentar chegou a ser preso preventivamente.
Já na legislatura passada, os holofotes se viraram para o então vereador Abílio Junior (PL). Na sessão mais longa registrada na história da Casa de Leis, o ex-vereador teve o mandato cassado por 14 votos a 11, também por quebra de decoro parlamentar.
A investigação teve como base uma representação do vereador Oséas Machado contra Abílio. O documento dizia que o parlamentar praticou “de forma reiterada e conscientemente atos incompatíveis como decoro parlamentar, por abuso de prerrogativas constitucionais asseguradas ao vereador".
Após dois meses, Abílio conseguiu reverter a decisão do plenário da Câmara na Justiça e retomou ao Parlamento.
A legislatura atual também não escapou de um processo de cassação. Um processo disciplinar foi instaurado na Casa de Leis no mês passado contra o vereador tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos), que matou a tiros o agente socioeducativo Alexandre Miyagawa.