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27/05/2023 às 16:38

Para Lúdio, novo Ensino Médio prepara jovens para fazer brigadeiro, bolo e ser entregador

O parlamentar alega que as mudanças na legislação afastam os filhos dos trabalhadores das universidades

Da Redação - Alline Marques / Reportagem local - Jardel P. Arruda

Para Lúdio, novo Ensino Médio prepara jovens para fazer brigadeiro, bolo e ser entregador

Foto: Helder Faria / ALMT

O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) fez duras críticas ao novo modelo de Ensino Médio, criado em 2017, mas implementado em 2021 ainda durante a pandemia, e alegou ainda que as mudanças afastam os filhos dos trabalhadores das universidades e os preparam para fazer bolo de pote e ser entregador de aplicativos. 

Chamada de contrarreforma, o novo ensino Médio desqualifica o Ensino Médio de vez. “O que era ruim, fica pior, porque você reduz  a carga horária das disciplinas básicas, você deixa de ter filosofia, sociologia, história, geografia, química, física, biologia com a quantidade de aula necessárias, e cria um tal de itinerário formativo de projeto de vida que infelizmente é pobre em qualificação. Forma os jovens para fazer brigadeiro, bolo de pote, para utilizar aplicativo do Ifood para trabalhar de entregador e quebra a possibilidade desse estudante de ir para faculdade, porque se ele não tem aula de química, física, não tem aula de história e geografia, como que ele vai para universidade?”, questionou.

O assunto foi debatido nesta semana em audiência pública na Assembleia Legislativa e contou com a participação do movimento estudantil, sindicatos como o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), além de professores dos ensino médio e superior. O pedido pela revogação do novo Ensino Médio foi um dos encaminhamentos, inclusive, com a elaboração de um documento que foi entregue ao ministro da Educação, Camillo Santana, durante a visita dele a Cuiabá na quinta-feira (25). 

Na defesa pela derrubada da reforma do ensino médio, participantes da audiência argumentaram que as mudanças promovem desigualdades e tendem a aumentar a evasão escolar, criticaram a redução da carga horária de disciplinas de humanas e o privilégio de conteúdos superficiais. Para profissionais da educação, o novo currículo diminui as chances do aluno da escola pública de acessar a universidade, enquanto o aluno da escola particular continua tendo matérias do currículo antigo de forma integral.    

“Há uma redução de conhecimento muito grande com essa proposta, redução de profissionais de educação no chão da escola, joga para o professor trabalhar com disciplinas que ele nunca trabalhou na vida”, reclama a dirigente do Sintep e secretária da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). 

O presidente do Sintep, Valdeir Pereira, chamou atenção ainda para o fato de que muitos municípios não conseguem ofertar mais de um itinerário por terem estrutura menor. No projeto, os alunos deveriam poder escolher se aprofundar na área de seu interesse, como Ciências Humanas e Sociológicas, Matemáticas e Linguagens. 

Outra crítica expõe a falta de discussão com a comunidade escolar na elaboração do novo ensino médio. “Essa reforma não foi debatida com os estudantes e retira matérias muito importantes como história, geografia, filosofia e sociologia”, frisou o presidente da Associação Matogrossense de Estudantes Secundaristas, Lucas Gomes.

Como alternativa ao novo ensino médio, pessoas como Geraldo Grossi, representante do Comitê da Campanha pelo Direito à Educação em Mato Grosso, defenderam discutir um outro modelo para o ensino médio a partir de projeto de lei (PL nº 2601/2023) que tramita na Câmara dos Deputados. “Queremos a formação geral do estudante com filosofia, história, geografia, matemática, língua portuguesa. Uma carga horária que dê condições de pensar em fazer um curso superior. E além dessa base nacional comum, uma parte reservada a questões específicas de cada região”, afirmou Grossi.

Dentre os encaminhamentos, Lúdio também comentou que é preciso avançar neste projeto que tramita na Câmara e fazer o acompanhamento constante para evitar mudanças que venham prejudicar ainda mais.
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