O senador Wellington Fagundes, maior liderança do PL em Mato Grosso, se posicionou publicamente contra o projeto de lei 1904/2024, que equipara a pena para mulher que abortar após 22 semanas de gestação a mesma punição de assassinato. Ele usou as redes sociais para deixar clara a sua opinião, que é contrária a dos correligionários e deputados federais Abilio Brunini (PL) e coronel Fernanda (PL).
Enquanto Abílio e Fernanda têm defendido a proposta e assinaram, inclusive, como co-autores, Wellington classificou o projeto de “sem sentido”.
“Sou contra o aborto, mas não acho justo a penalidade de 20 anos para quem aborta. Afinal, a pena do estuprador é inferior! Não faz sentido!”, diz Fagundes, já no início da postagem. “Precisamos de um debate mais justo e equilibrado, que leve em consideração as complexidades e nuances de cada situação, respeitando tanto a vida quanto às circunstâncias vividas pelas mulheres”, completou.
Ao defender o debate, Wellington também se colocou contra a urgência na votação da referida propositura, visto que esse mecanismo serve exatamente para encurtar o debate, normalmente ocorrido nas comissões temáticas, e dar agilidade à aprovação do projeto com votação a toque de caixa.
Quem também adotou esse posicionamento foi o deputado federal Nelson Barbudo (PL), o qual assumiu a vaga na Câmara após a morte da deputada Amália Barros (PL). Assim como Wellington, ele disse ser contra o abordo, mas também é contrário a pena da mulher que aborta ser pior do que a do estuprador.
“Sou contra o aborto, inclusive em casos de estupro quando atingida a 22ª semana de gestão. Mas, não concordo com uma pena de até 20 anos para a mulher enquanto a pena do estuprador for inferior a essa proposta”, diz a postagem de Barbudo.
Vísceras expostas
A diferença de posições de Wellington Fagundes e Nelson Barbudo com Abílio Brunini e coronel Fernanda expõe a divisão de grupos dentro do PL de Mato Grosso. Enquanto os dois primeiros são políticos desde antes do “fenômeno Bolsonaro”, em 2018, os outros dois tem uma carreira completamente ligada ao ex-presidente.
Apesar de Abílio ter iniciado na vida eleitoral em 2016, quando foi eleito vereador por Cuiabá, ele já vinha com a proposta de luta contra o sistema, que foi a mesma encampada por Bolsonaro em 2018. Já Fernanda surge nas eleições complementares ao Senado em 2020 como a candidata apoiada pelo então presidente.