Mesmo absolvido em processo criminal, um pedreiro de 28 anos morador de Cáceres (212 km de Cuiabá) só saiu da cadeia um ano e 46 dias depois da sentença. Apesar da revogação da prisão, o alvará de soltura de C.A.A de S não havia sido expedido e ele permaneceu preso em Várzea Grande durante todo esse tempo.
De acordo com os autos, o rapaz foi preso no dia 16 de fevereiro de 2022, acusado do crime de tráfico, associação e corrupção de menores. Ele estava detido no Centro de Ressocialização de Várzea Grande, popularmente conhecido como Capão Grande.
Em visita à unidade prisional no mês passado, o Núcleo de Execução Penal (Nep) da Defensoria Pública de Mato Grosso descobriu a situação da prisão irregular do pedreiro.
Imediatamente, o defensor público André Rossignolo informou a situação de ilegalidade à Justiça e requereu a expedição imediata do alvará de soltura ao Juízo da 3ª Vara Criminal de Cáceres.
Com isso, o alvará foi expedido no dia 4 de junho deste ano, e ele finalmente ganhou a liberdade. No total, ele passou dois anos e três meses detido.
“Eu sabia do alvará, inclusive assinei a sentença que me absolveu, entreguei para a polícia e fiquei esperando. Deu à tarde, não tirou. Deu o outro dia, não tirou. Meu advogado era de fora, não correu atrás. Minha família foi lá, ficou me esperando sair e nada”, contou C.A.A. da S.
O pedreiro, que é casado e pai de duas filhas, de 2 e 5 anos de idade, contou que estava trabalhando em três obras na época em que foi detido e que a família passou por dificuldades financeiras. “Nem conhecia essas outras pessoas. A prisão me privou da minha vida. Tenho duas filhas pequenas para cuidar. Não está sendo fácil. Hoje mesmo apareceu aqui um trabalho, mas só uns quatro dias de serviço”, afirmou.