O governador Mauro Mendes (União) admitiu ter achado “estranha” a polêmica que envolve o nome ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Neri Geller, porém, o chefe do Executivo estadual afirma que prefere esperar pelo desenrolar das investigações quanto ao caso, para não cometer injustiças.
Com Geller sendo investigado quanto a possíveis fraudes no leilão de arroz promovido pelo Governo Federal, Mauro espera que a “má fama” do ex-secretário, não recaia sobre Mato Grosso.
“Não coloque o nome de Mato Grosso. São pessoas, que se cometeram algum crime, os indícios, no mínimo são estranhos, mas eu não quero aqui cometer nenhuma injustiça em condenar alguém”, declarou Mendes.
O governador ainda completa, considerando que apesar de preferir não julgar a situação, confessa considerar “estranha”, a posição de Neri. “Quem tem que investigar e dizer se está certo ou não são os órgãos responsáveis por isso. Agora, eu, como qualquer cidadão, vejo com estranheza o perfil das empresas ganhando um leilão de tamanho vulto, como foi o leilão de arroz”, afirmou o governador.
Isso, porque Neri Geller é investigado por fraude no leilão de arroz promovido pelo Governo Federal, que tinha por objetivo garantir a importação de 1 milhão de toneladas do mantimento, dada a tragédia de enchentes no Rio Grande do Sul, estado que é o principal produtor do cereal no país. No entanto, foi constatado que a empresa vencedora da licitação tinha como sócio o filho do ex-deputado federal. Com isso, o leilão foi suspenso e Neri exonerado.
O ex-gestor poderá ser, inclusive, investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que deve ser formada na Câmara Federal, com o objetivo de fiscalizar todo o processo que visou a compra bilionária de arroz importado.
Ex-aliados
O governador e Geller mantinham uma parceria ao longo do primeiro mandato de Mendes à frente ao Paiaguás, quando Neri atuava como deputado federal. No entanto, em meio à campanha de 2022, a aliança foi rompida, após Neri se lançar candidato ao senado ao lado de Wellington Fagundes (PL). O grupo de Mauro optou por apoiar o candidato liberal à única vaga em disputa, deixando Neri de escanteio.
Sem opção, Neri optou por se aliar ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), principal algoz de Mendes, na busca pela vitória.
No entanto, em agosto de 2022, Geller teve o mandato como deputado federal cassado sob acusação de abuso de poder econômico, na eleição de 2018. Com isso, ele se tornou inelegível por 8 anos. Mesmo assim, Neri chegou a concorrer ao senado, sub júdice, na expectativa de que o quadro fosse revertido na justiça, o que não ocorreu. Com isso, os votos que recebeu acabaram sendo anulados.
Derrotado nas eleições, foi chamado pelo ministro Carlos Fávaro para o cargo de secretário de Política Agrícola.
A dupla, Geller e Fávaro tentou ao longo de um ano e seis meses do governo Lula construir um bom relacionamento com representantes do agronegócio em Mato Grosso, mas foram impactados pela resistência do setor.
