O documento foi protocolado pelos promotores Vinicius Gahyva, Marcele Rodrigues da Costa e Faria, Samuel Frungilo, e Jorge Paulo Damante Pereira e César Danilo Ribeiro de Novais. Nele, os membros do MP revelam a consolidação do uso brutal da violência letal, em verdadeiras execuções sumárias travestidas de “confrontos”.
“Causa perplexidade, quando um dos deveres mais relevantes do Estado, a Segurança Pública, por meio de alguns de seus agentes, acaba por se converter, rotineiramente, na maior violação do senso moral médio da humanidade civilizada, banalizando o direito fundamental e humano mais elementar”, diz trecho.
Indignado com tamanha violência, os membros do MP argumentaram ainda que a eficiência da polícia é dimensionada pela capacidade de evitar que os crimes aconteçam, e não pelo número de pessoas que ela mata. “Polícia que mata é polícia ineficiente”, assegurou.
A fim de expor o número estarrecedor de mortes por intenção dos agentes, os promotores disponibilizaram uma tabela com os dados a partir de uma análise da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Os valores são referentes aos anos de 2015 a 2023.
Segundo a análise exposta, dos 381 homicídios registrados em 2015, cinco foram cometidos em ações policiais, ou seja, 1,31% do total. Já em 2016 é possível ver um pequeno aumento de 0,57%, no total 320 , sendo 6 por militares.
Na tabela é possível ver um aumento vultoso no ano seguinte, sendo que das 207 execuções, 24 foram em intervenções da PM, quase 10% a mais.
Com o passar dos anos, o crescimento só foi aumentando. Em 2018, de 194 homicídios, 25 foram em ações militares.
Em 2019, 16,44% dos homicídios foram execuções por agentes da PM . No ano seguinte, os confrontos policiais foram responsáveis por 42 execuções, quase 24% do total de homicídios em 2020.
De 2021 a 2023, a taxa de mortes em ações policiais só foi expandindo, chegando ao ápice no ano passado. Foram no total 144 homicídios, sendo 49 deles cometidos por policiais militares, ou seja 34,03%.
Confira tabela abaixo:
Diante da escalada alarmante, os promotores concluíram que para desenfrear a letalidade nas intervenções policiais militares na região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande, é preciso tomar uma atitude urgente.
“Situação que torna urgente e necessária a atuação do Sistema de Justiça no sentido de estancar a sangria desenfreada e que mira setores específicos da sociedade, jovens que habitam as periferias, em geral marcados pela cor da pele e pela condição social de pobreza”, apontou.
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