Assim como milhares de brasileiros, Cleiton Pereira Alves sonhava em ser advogado. Filho de pais analfabetos – a mãe empregada doméstica e o pai tratorista – o rapaz enfrentou uma batalha ainda maior do que aquela comum aos estudantes de Direito, um dos cursos mais concorridos do país.
Para realizar seu sonho – que se tornou realidade há um mês – precisou passar por várias adversidades desde a infância. Cleiton sempre estudou em escola pública e foi o primeiro de sua família a concluir o Ensino Superior.
Quando criança precisava percorrer 15 quilômetros, passando por várias fazendas da região, até chegar à comunidade rural onde estudou no município de Campo Verde.
“Nem sempre a gente chegava porque o ônibus quebrava, às vezes chegávamos todos sujos”, lembra Cleiton. “Mas isso nunca foi empecilho. Muitos acreditaram em mim porque eu tinha muita força de vontade”, completa o jovem advogado.
Cleiton, que perdeu a mãe há oito anos, foi aprovado no processo seletivo do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), onde cursou o Ensino Médio.
Foi lá que encontrou no Direito mais que um sonho, uma escolha de vida. “Sempre sonhei ir além das minhas fronteiras e, no IFMT, tive perspectivas... Acabei decidindo curar Direito por conta de alguns livros que via na biblioteca e me pareceram interessantes”, relatou.
Dedicado, conseguiu passar na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), época em que se mudou para a capital.
A rotina não era fácil. Trabalhava como consultor de vendas de uma operadora de televisão durante o dia, frequentava as aulas no período noturno e as madrugadas e fins de semana eram dedicados ao estudo ao longo de dois anos, até ser aprovado em um concurso público, que permitiu uma melhora em sua condição financeira, possibilitando, assim, empenho na realização de seu sonho, participando de núcleos de pesquisa, elaboração de artigos científicos publicados em livros.
“Mas eu queria muito iniciar na advocacia para ter uma perspectiva do mundo jurídico e chegar à magistratura”, contou Cleiton.
Três meses após a conclusão do curso, conseguiu tirar a carteira profissional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em setembro deste ano.
Três meses após a conclusão do curso, o jovem recebeu a certidão em setembro deste ano, falando em nome de outros 50 colegas, contando sua história, contou a história de muitos brasileiros. Entre aplausos e olhares emocionados, suas palavras de garra e determinação foram além da confirmação da nova profissão.
Durante a solenidade, que aconteceu na sede da Seccional Mato Grosso, em Cuiabá, o rapaz foi convidado pelo conselheiro federal da OAB e presidente do Fundo de Integração e Desenvolvimento dos Advogados (FIDA), Felipe Sarmento, a fazer parte do conselho federal na Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Sua nomeação aconteceu nesta terça-feira (8), quando se viu emocionado diante do novo desafio. “Vou fazer a diferença”, afirmou Cleiton, ao agradecer a OAB-MT e ao conselheiro Felipe Sarmento.
Para o presidente da OAB-MT, Leonardo Campos, a recente nomeação denota ainda mais prestígio e confiança na advocacia do estado.
“Além do mérito do advogado, que nos deixa muito confiantes, também é mérito de toda a advocacia de Mato Grosso que tem desempenhado um trabalho de destaque, permitindo que novos quadros ingressem nas comissões nacionais”, afirmou o presidente.
No total, mais de 40 advogados de Mato Grosso fazem parte de comissões nacionais da Ordem dos Advogados do Brasil.
Com informações da assessoria da OAB-MT
