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Notícias / Polícia

20/10/2019 às 08:18

Após ser ameaçada com machado pelo ex-namorado, mulher consegue segurança com patrulha Maria da Penha

Atualmente, 180 mulheres vítimas de violência doméstica são acompanhadas pelos policiais militares da patrulha.

Luzia Araújo

Após ser ameaçada com machado pelo ex-namorado, mulher consegue segurança com patrulha Maria da Penha

Foto: PMMT

Participar de uma formatura e receber o diploma cercado pelos amigos e familiares é o sonho de muitas pessoas e para Maria Estela (nome fictício), de 42 anos, não seria diferente. Após anos de dedicação no curso de Serviço Social, a já técnica em enfermagem, pode enfim realizar o sonho de se tornar assistente social.

Toda a cerimônia transcorreu como ela imaginava e ao receber os cumprimentos dos convidados, foi surpreendida por uma crise de ciúmes do seu companheiro, que naquele momento se tornaria outra pessoa. 

O homem gentil e carinhoso com quem vivia há oito meses a pegou pelo braço e tentou torcê-lo. A agressão deixou a mulher assustada e lá mesmo resolveu terminar o relacionamento. “Ninguém entendeu aquela explosão. Ele falou que não era gay para deixar ninguém me abraçar e beijar. Terminei com ele nesse dia”. 

Não aceitando o término do relacionamento e dominado pelo sentimento de possessão, o homem começou a perseguir a enfermeira, criando armadilhas para matá-la. Ao todo foram quatro tentativas. Na última, o ex-companheiro partiu para cima da mulher com um machado após se oferecer para cortar lenha para ela, que preparava comida para vender e arrecadar dinheiro para ajudar na igreja. 

“Ele mentiu para mim dizendo que o pessoal da igreja o mandou para me ajudar. Como já tinha passado bastante tempo do término e ele já havia casado com outra mulher, eu não imaginei que tentaria fazer isso comigo. Ele quebrou tudo o que eu tinha. Tentei me proteger, mas não tinha força e foi uma moça que estava comigo no momento que o enfrentou. Uma menina de 17 anos”, relatou. 

Todos os casos foram registrados na polícia e uma medida protetiva foi emitida contra o agressor, mas ele descumpriu. Foi então que no mês passado, a mulher começou a receber as visitas da Patrulha Maria da Penha e o ex-companheiro parou de persegui-la.  



A enfermeira é uma das 180 mulheres vítimas de violência doméstica que são acompanhadas pelos policiais militares da patrulha. “Recebemos as medidas protetivas da 1ª e 2ª Vara de Violência Doméstica. Fazemos um primeiro contato, agendamos a visita e realizamos o atendimento, quando é feita uma ficha de acolhimento e risco. A partir daí definimos o perfil da vítima e do agressor. Com base nisso são determinadas as próximas visitas. Continuamos os atendimentos até que cesse a situação de risco dela”, disse a integrante da Patrulha Maria da Penha, tenente PM Denyse Pereira Valadão Alves. 

O serviço começou em Cuiabá em forma de projeto piloto, em outubro de 2018. No início deste ano, as atividades tiveram uma pausa, mas em uma avaliação foi verificado que as vítimas, que tinham sido atendidas, se sentiram mais seguras e a Polícia Militar resolveu continuar o projeto em Cuiabá. 

Atualmente, os bairros Pedra 90, CPA 3, Dom Aquino, Doutor Fábio, Tijucal, Centro Norte, CPA 4, Porto, Santa Isabel e Osmar Cabral são atendidos pelos cinco patrulheiros, que formam a equipe. 

Os locais atendidos foram selecionados por meio de um levantamento realizado da Delegacia da Mulher que pontou os bairros com maior incidência de ocorrências de violência doméstica e solicitação de medidas protetivas. As vítimas de casos graves que ocorrem fora desses locais, também são visitadas.  

A tenente PM Denise, disse que o desejo é ampliar o serviço em todos os bairros de Cuiabá, mas hoje as visitas são realizadas de acordo com a capacidade de atendimento da equipe, que foi capacitada para atuar na patrulha.

“A intenção da criação da Patrulha Maria da Penha foi reduzir os índices de violência doméstica. Então, a ideia do serviço é trabalhar a prevenção fazendo o atendimento para que a vítima saia do ciclo de violência e consiga seguir a vida sem se envolver com pessoas violentas”, explicou disse a militar. 

A militar explicou que além das mulheres, a patrulha também visita o agressor para orientações sobre o descumprimento da medida protetiva e as punições. “Sempre estamos observando o comportamento do agressor também. É um impacto para ele, porque a ideia deles é de impunidade. Com esse alerta, há uma mudança de comportamento na maioria dos casos e ele passa a cumprir a medida protetiva”, explicou a tenente. Até hoje, a patrulha realizou quatro prisões devido o descumprimento da lei.

A enfermeira afirmou que se sente mais segura depois que passou a receber as visitas da Patrulha Maria da Penha e que o trabalho foi uma resposta para sua vida, mostrando que ela não está sozinha e que tem direito de viver. 

“A patrulha é o respirar para mim. Só abro a porta da minha casa, porque tenho ela. O mal não tem dia e hora para acontecer. Eles podem até tentar, mas não estamos sozinhas, temos os patrulheiros”.

A Patrulha Maria da Penha faz parte da rede de enfrentamento a violência doméstica que é composta pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Delegacia da Mulher, Prefeitura de Cuiabá e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
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