O isolamento social em decorrência do novo coronavírus acertou em cheio a economia das regiões atingidas pela pandemia. Em Mato Grosso, a situação não é diferente, tanto que o governo espera a queda de R$ 1 bilhão na arrecadação Estadual. Envolto nessa situação, ao menos metade dos hotéis do estado podem estar com seus dias contados, caso o cenário permaneça por 90 dias.
Nesse período do ano os hotéis deveriam estar com a ocupação média de 55%. Contudo, nas últimas semanas, o percentual caiu para 3%, nos poucos que ainda permanecem abertos, visto que, com as baixíssimas ocupações, a maioria dos hotéis fecharam as portas.
"Fizeram isso porque o que tinha de hóspede e de faturamento não compensava a operação”, explica o presidente do Sindicato Intermunicipal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Estado de Mato Grosso (SHRBS-MT), Luiz Carlos Nigro.
A redução drástica de 91,6% no volume demandado, iniciada quando começaram as medidas de prevenção e combate à disseminação da Covid-19, em todas as regiões do país, pegou o setor de surpresa e, tem causado um prejuízo mensal de mais de R$ 1 milhão para os grandes hotéis.
“Se esse conjunto de problemas passar de 60 dias, grande parte não reabre. Se durar até 90 dias, metade dos hotéis do Estado não reabrem", afirma Nigro.
Mato Grosso entrou em quarentena desde o dia 23 de março e já somam três semanas, no entanto, algumas medidas vem sendo flexibilizada. O problema é que reduziu também drasticamente o número de viagens, o que acaba provocando a diminuição da ocupação dos quartos de hoteis.
A redução na demanda segue a tendência nacional, já que houve uma queda de 90% no número dos voos no Brasil. “As companhias aéreas estão operando somente com 8,4% dos voos que existiam antigamente. O público sumiu e automaticamente reflete no hotel”, justifica o presidente.
Ele ainda estima que a retomada financeira do setor de hotelaria, será em março do ano que vem. Período em que devem conseguir gerar o ‘breakeven’, que é o ponto de equilíbrio entre custo e despesa.
Demissões
De acordo com Nigro, no primeiro momento muitos donos de hotéis optaram pela suspensão temporária do contrato de trabalho. Agora, a maioria deles estão fazendo uma readequação de faturamento e despesas. Apesar do esforço, demissões devem ser inevitáveis quando as atividades voltarem, tendo em vista que “o movimento vai voltar pequeno”.
Proprietário de uma rede de hotéis, Nigro disse que precisou demitir 33% dos colaboradores. Os demais entraram em férias ou tiveram seus contratos suspendidos. “Os funcionários mais novos, com menos tempo de casa, os colaboradores que estavam em experiência e os de contrato temporário, foram desligados da empresa”, explica.
Tempo de planejar
Luiz ressalta que nesse momento é importante o empresário do setor hoteleiro fazer seu planejamento econômico, reduzir estrutura e despesas. Pensar bem antes de gastar também é fundamental, “para conseguirmos sobreviver financeiramente e lá na frente começar a trabalhar de novo”.
Em sua avaliação as atividades vão voltar de forma lenta, mas “no ano que vem, vamos ter um crescimento bom. Os governos vão ajudar, acredito que ano que vem será bem melhor”, observa.
