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20/06/2020 às 19:44

Servidores acusam prefeitura de truculência, perseguição e denúncias falsas sobre EPI's

Secretaria de Saúde disse ter exonerado 12 servidores por esconder EPIs

Alline Marques

Servidores acusam prefeitura de truculência, perseguição e denúncias falsas sobre EPI's

Foto: Celso Meirelles

Em um momento em que o mundo inteiro presta homenagens aos profissionais da saúde, em Cuiabá os enfermeiros acusam a administração municipal de fazer perseguição e agora, mais recentemente, de maneira arbitrária tiveram os armários invadidos e foram acusados de esconderem os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que estavam guardados num espaço que é privado, a maioria com cadeados. 

Em protesto à ação da Prefeitura, enfermeiros se reuniram na frente do antigo pronto-socorro, hospital referência para atendimento de casos de covid-19, para protestar contra a administração municipal e cobrar respeito. O ato ocorreu na tarde deste sábado (2).

Apesar de a Secretaria Municipal de Saúde ter anunciado ontem a exoneração de 12 servidores e dizer que comunicariam o conselho da categoria para tomar providências, até o momento a lista dos profissionais não foi repassada e a demissão não foi concretizada e até o momento o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem. 

Dejamir Soares, diretor do sindicato, liderou a manifestação e explicou que os profissionais são obrigados a assinar um documento para pode pegar um kit com equipamentos, além disso, são orientados a guardar quando sobre algum dos itens, como avental que recebem dois por dia, ou a máscara que pode ser usada por cerca de 15 dias, nos armários.

Esta é a justificativa para os EPI’s encontrados pelo secretário adjunto de Planejamento e Operações da Secretaria Municipal de Saúde, o médico Milton Corrêa da Costa Neto, numa vistoria realizada na sexta-feira (19). O gestor teria, inclusive, registrado boletim de ocorrência sobre a situação. 

O sindicalista acusa ainda o secretário de tentar desviar a atenção da cobrança sobre os gastos no prédio do antigo pronto-socorro. “É uma conversa fiada desse secretário. tudo isso é para esconder algo maior, e o que é? São como ele gastou os R$ 2,5 milhões no prédio, que eram para equipar e não equiparam, cadê os equipamentos novos? Não tem! São equipamentos da UPA Verdão”, afirmou ao Leiagora

Dejamir informou que o sindicato irá acionar a prefeitura na Justiça por calúnia e difamação. 


Ires Pereira da Silva é enfermeiro e foi contratado após passar no processo seletivo realizado pela Prefeitura de Cuiabá. Ele, inclusive, estava atuando na Policlínica do Verdão, mas após fazer um relatório sobre as deficiências na unidade acabou sendo demitido, sem que ele assinasse qualquer documento e agora tenta reaver o emprego, já que tinha um contrato de dois anos. 

Ele esteve no protesto em solidariedade aos colegas. Em entrevista ao Leiagora, ele disse que a ação do secretário foi midiática, ele alegou ainda que ação teria violado o direito à privacidade do funcionário, já que houve a violação dos armários. Ires disse que alguns foram coagidos para abrir e outros foram arrombados mesmo. Uma ação arbitrária, como ele classificou. 

Em tom já de desabafo, o enfermeiro lembra que em qualquer lugar do Brasil o profissional da saúde é mais requisitado e o mais importante nos dias de hoje. “A gente quando entra na enfermagem não é por causa de salário, mas para ajuda e contribuir, fazer a diferença. E nesta pandemia, quando a gente sai de casa vai com coração na mão, porque expõe nossas vidas e dos nossos familiares, correndo o risco de se contaminar. Inaceitável a saúde estar do jeito que está”, declarou, lembrando ainda que muitos profissionais estão se infectados, afastados e alguns já perderam a vida. 

De acordo com o observatório da Enfermagem, que monitora o caso de contaminação no país, aponta que em Mato Grosso cinco profissionais da saúde morreram, inclusive é o estado com maior número de óbitos da região Centro Oeste. Os dados são deste sábado (20). 

Outra enfermeira que atua há 10 anos no antigo pronto-socorro também falou com a reportagem do Leiagora, mas pediu para não ser identificada. Ela não pode participar do ato porque estava de plantão em outro hospital, mas disse que “está sentindo na pele o que todos os servidores estão passando”. 

“Somos chamados de ladrões, acusados roubar EPI’s da instituição. A falta de EPI sempre acontece e pirou com esta pandemia e agora estão acusando os servidores para esconder o que está acontecendo que é o rombo na saúde, porque eles não tem como justificar os gastos”, desabafou. 

Ela reforçou o protocolo para o recebimento dos EPIs. Eles precisam assinar um documento, deixar nome completo, CPF, data, setor onde trabalha. O que ocorre, segundo ela, é que muitas vezes profissionais colocam a vida em risco economizando os equipamentos e guardam nos armários que foram colocados pela própria administração para que os servidores pudessem guardar os EPI’s. 

Outro lado 

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa para saber se iriam se manifestar sobre o protesto, mas não obteve retorno até o fim da reportagem.

Assista vídeo do protesto:

 
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