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09/12/2021 às 17:00

Madrasta de Mirella ligou para hospital pedindo laudo de ‘despesas neurológicas’, diz enfermeira

Denise Soares

O comportamento da madrasta Jaira Gonçalves de Arruda, de 43 anos, acusada de matar envenenada a enteada dela, Mirella Poliana Chuê de Oliveira, de 11 anos, era visto como com ‘excesso de vigilância e controlador’ por uma enfermeira que atendeu a menina várias vezes no Hospital Santa Rosa.

A criança morreu em 13 de julho de 2019 e foi internada várias vezes em hospitais da capital entre abril e julho daquele ano.

O júri do caso começou pela manhã desta quinta-feira (9), na capital.

No começo da tarde a audiência foi retomada com o depoimento de Dilmara Correia de Arruda, enfermeira há mais de 20 anos.

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Em uma das vezes em que a menina estava internada, o hospital recebeu uma ligação da madrasta que solicitava um documento.

“A secretária disse que a madrasta precisava de um laudo que diria que a Mirella dava despesas neurológicas e outras despesas. Ela queria esse documento para entregar para um advogado. Não existiam esses gastos e a doutora responsável recusou. Ela insistiu", frisou.

A enfermeira disse que Mirella chegava sempre com os mesmos sintomas em uma espécie de ‘crise convulsiva’.

Jaira ‘ficava em cima’ da equipe médica em todas as ocasiões e se recusava a deixar o quarto da internação mesmo quando era solicitado a saída dela.

“Ela era controladora, eu diria. Até para procedimentos, ela não queria sair. Ela queria conversar com os médicos, resolver tudo. Em uma vez, foi retirada do quarto e voltou, insistindo”, comentou a enfermeira.

A última vez que a enfermeira presenciou a internação da criança foi no dia em que ela chegou já sem vida no pronto-atendimento do hospital.

No mesmo momento a madrasta pressionava o hospital para entregar o atestado de óbito da menina. Jaira disse ao hospital que ‘precisava agilizar logo a situação’.

“Ela chegou morta no PA com os olhos arregalados e estava roxa. Havia dilatação do ânus e sangue, inclusive na vagina dela. Suspeitou-se de abuso sexual. Foi então que chamaram o IML e o Conselho Tutelar para investigar”, lembrou a enfermeira.

No entanto, exames feitos após a morte descartaram a hipótese de violência sexual.
 
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