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08/11/2023 às 19:50 | Atualizada: 08/11/2023 às 19:51

Vídeo | Operação apreende 704 kg de mercúrio ilegal; diretor do Ibama alerta para esquema de contrabando entre mineradoras do país

Luíza Vieira

A Operação Hermes HG II, deflagrada nesta quarta-feira (8) em Mato Grosso e demais estados brasileiros, apreendeu 704 kg de mercúrio irregular, material que era contrabandeado e distribuído em grandes mineradoras do país. De acordo com o diretor de proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos naturais Renováveis (Ibama), Jair Schmitt, a operação é um alerta para o uso irregular do material nocivo em mineradoras e garimpos ilegais no Brasil.

As investigações apontaram que os crimes em apuração estão relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, que tem por destino final o abastecimento de garimpos em áreas que compõem a Amazônia (Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará). 

A operação revelou que os criminosos fraudavam o sistema do Ibama e geravam créditos falsos por meio de uma empresa paulistana que atuava como recicladora de resíduos oriundos do mercúrio e revendia para mineradoras. Por isso, foram cumpridos 34 mandados de busca e apreensão, sendo em Mato Grosso, em Cuiabá, Poconé, Peixoto de Azevedo, Cáceres, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nossa Senhora do Livramento e Nova Lacerda. 

Para além disso, os suspeitos chegavam a importar de forma ilegal de países como a Bolívia, Guatemala e México o componente que era comercializado, conforme informações da Polícia Federla no aeroporto de Vira-copos, em Campinas.

Dada a baixa na quantidade de importação legal do mercúrio que é fiscalizada pelo Ibama o diretor alerta para um uso desmedido do material altamente nocivo por toda a rede mineradora do país, já que segundo o boletim do Ouro da Universidade Federal de Minas gerais ficou em 158 toneladas entre 2021 e 2022. O que, de forma legal, representa a inserção de 79 kg de mercúrio despejados no meio ambiente, os quais não passaram pelo crivo da fiscalização de importação.

“O que nós observamos é que houve uma redução significativa dessa importação do mercúrio legal e as mineradoras, sejam aquelas que têm licença, basicamente toda a produção de ouro no país ela utiliza o mercúrio em seu processo produtivo (...) As empresas que têm a produção mineral legal, em seu método produtivo, nos parâmetros internacionais da ONU a gente classifica que é lançado ao ambiente quase a metade desse a metade desse mercúrio utilizado para cada grama de ouro”, explica.

O diretor ainda explica que toda a produção de ouro do Brasil necessita de mercúrio. Em mineradoras licenciadas é admitido que para cada 1kg de ouro, é permitida a liberação de 500 gramas do componente tóxico ao meio ambiente. Enquanto que, em garimpos ilegais esse valor mais que dobra sem o manejo adequado do material e chegam a ser utilizadas 2,66 gramas de mercúrio para cada 1 grama de ouro.

“Há evidências de que quase todas as atividades minerais do país, sejam aquelas que têm licenças minerais e o garimpo ilegal que não tem licença nenhuma, operam com mercúrio ilegal. Isso é um achado muito importante na operação (...) Naqueles locais que não tem controle nenhum, a céu aberto, de qualquer forma, essa quantidade chega a ser de 2,66 gramas de mercúrio para cada 1 grama de ouro”. 

Vale lembrar que a liberação de mercúrio no meio ambiente causa grandes impactos ambientais, como a contaminação de rios que acarreta em infecções em cadeia de plantas, animais e seres humanos, o que que pode desencadear uma série de doenças fatais.

 
 
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