Imprimir

Imprimir Notícia

13/05/2021 às 15:10

Pfizer: Brasil ignorou propostas que previam 1,5 mi de doses em 2020

Metrópoles

O gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, confirmou, nesta quinta-feira (13/5), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ignorou a carta enviada pela farmacêutica ao alto escalão do governo federal se colocando à disposição para negociar doses de vacina contra Covid-19 ao Brasil.

O governo, segundo Carlos Murillo, não respondeu às propostas que previam 1,5 milhão de doses de vacina contra a Covid-19 ainda no ano passado.

O documento foi apresentado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid pelo ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fabio Wajngarten. Provocado pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Murillo enfatizou: “Nós não recebemos resposta da Presidência”.

Aos senadores do colegiado, Murillo mostrou um cronograma detalhado sobre as negociações entre a empresa e o governo, exclusivamente, sobre compra de vacinas.

Foram realizadas, segundo o representante, “reuniões exploratórias” em maio e junho de 2020. Em 16 de julho, a empresa conversou com o governo federal sobre as condições de compra das doses. “Tivemos outras reuniões no mês de agosto, em que aprofundamos alguns detalhes. Em 6 de agosto, ministério manifestou possível interesse em nossa vacina e fornecemos em 14 de agosto nossa primeira oferta, uma oferta vinculante”, disse.

Ao todo, a oferta da Pfizer tratava de 100 milhões de doses, sendo que a inicial foi de 30 milhões de vacinas e, posteriormente, uma outra de 70 milhões de imunizantes. As entregas seriam realizadas no fim de 2020 e durante 2021.

Ele afirmou que teve contato, por duas vezes, com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. “Tive duas interações com ministro Pazuello. A primeira, em novembro, ele fez uma ligação ao meu celular, colocando-se à disposição para continuar a negociação. Neste momento, tinha enviado a oferta de 70 milhões de doses e, depois, conversas que tive com ele foi no Ministério da Saúde. Em 22 de dezembro, ele falou que agora estávamos avançando e que precisava contar com mais doses para o Brasil. Respondi que tínhamos esse compromisso”, contou.

O encontro da Pfizer com os senadores ocorre após o depoimento de Wajngarten. Antes dele, os senadores ouviram o depoimento do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, além dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.

A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.
 
 Imprimir